Ainda Te Amo - Capítulo 24

Como num flash tudo ficou preto e eu abri os olhos. Me sentei na cama e olhei em volta. Aquele não era meu quarto, não era minha cama, eu não estava em casa. Olhei em volta: tudo branco. Eu estava com uma agulha dentro da minha pele, na mão. Era um tubo tampado na ponta. Eu conhecia aquilo, era se o paciente precisasse de algum tipo de remédio, assim ia direto pra veia. Mas, pra que eu precisava daquilo?

Ah, e eu também estava com soro. Resolvi dá mais uma olhada no quarto, até que meu olhar chega ao Justin, dormindo numa poltrona.

Olhei pra porta, pois escutei a voz da minha mãe. A porta tinha um quadrado de vidro, então dava pra ver minha mãe falando com o doutor, e como ela fala alto, dava pra escutar também:

- Mas, ela está bem agora, não é?

- Está, sim. Pode ficar tranquila. Nós demos um calmante a ela, por isso ela dormiu até agora. Ela está com soro e com uma agulha na veia para remédio. Ela apresentou falta de proteínas e calorias no sangue, o que, junto com o choque, a fez desmaiar. A senhora saber qual foi a última vez que ela comeu?

Minha mãe respirou fundo e respondeu:

- Não doutor. Eu trabalho o dia inteiro. Ela tem problemas com comida. Ela não come e, ás vezes, quando come vomita logo após. Mas isso é proposital, e ela só faz isso quando está com problemas. O que está acontecendo, mas eu tento alertá-la, mas ela não escuta.

- Tente mais uma vez, ela tem que saber os riscos disso. Mostre a ela. Isso é muito perigoso, ela não pode continuar a fazer isso.

- Tudo bem, doutor. Muito obrigado.

O dr responde “De nada.” E saí. Minha mãe entra no quarto e vê que eu estou acordada.

- Hilary! – ela continua a falar auto.

- Shhh! – falei e apontei com a cabeça para o Justin.

- Ah, tá. Desculpa. – falou ela sussurrando. – Esse menino vai ter dores na coluna. Ele está aí a uns 15min. Coitado. A mãe dele está aí fora, e disse que ele teve um show ontem a noite e foi dormir tarde, e hoje acordou bem cedo pra dar uma entrevista. – ela deu uma pausa e continuou. – Ele ligou pra você, e como eu estava com seu celular, atendi. Quando eu disse a ele que você desmaiou e estava no hospital, ele veio correndo, a mãe dele disse. - não respondi, só sorri e o olhei. Ele parecia um anjo dormindo. Minha mãe acompanhou meu olhar, e depois voltou a falar. – Agora vou ter que ir. Você vai ficar aqui. A Elena e o John estão lá fora, mais a mãe do Justin. Vou ter que ir, pois sua irmã está em casa e seu pai vai chegar muito tarde do trabalho, então tenho que ficar com ela.  Beijo minha filha.

Ela me deu um beijo na testa, sussurrou um “Se cuida.” E se foi. E eu? Não resisti, fiquei assistindo o Justin dormir. Desci da cama, arrastei uma cadeira, e a coloquei na frente dele. Me sentei e fiquei lá. O olhando. Como se mais nada existisse. Percebi todos os detalhes: a forma com que a camisa dele balança seguindo o ritmo das batidas do coração dele, a forma com que o rosto dele fica lindo de olhos fechados... Tudo.

Ele começou a se mexer e aos poucos foi abrindo os olhos. Eu falei “Oi.” E como resposta ele sorriu.

- Tá tudo bem? – ele perguntou.

- Todos esses remédios e essas coisas dentro da minha veia me fizeram melhorar.

- Você sabe por que você estava com soro, não é?

- Sei. – falei com a cabeça baixa, pois sabia que ele iria começar a falar sobre comida e etc...

- Hilary, você está doente, e isso tem que ser tratado.

- O que foi? Vai começar a me julgar agora? – eu comecei a me alterar. - Eu não preciso disso. Na verdade, eu faço isso por que quero. E eu posso controlar. E quando eu quiser comer, eu como, mais eu não tenho fome! Eu não gosto de comer! É difícil entender isso? Você deveria saber que esse não é o local certo, e muito menos a hora certa pra me dar liçãozinha de moral.

- Ei! Calma! Ninguém aqui está lhe julgando. Desculpa se eu te amo e quero o seu bem, tá bom? Desculpa se eu quero que a minha namorada esteja em seu estado clínico normal.

- Estado clínico? Sabe qual é o meu estado clínico atual? Ou melhor o meu estado psicológico agora? Totalmente abalado, Justin! Mas ninguém se importa! Ninguém me pergunta se eu estou bem pra receber reclamações. Ninguém chega pra mim e pergunta se eu quero conversar sobre isso. Vocês simplesmente começam a falar e querem que eu fique calada escutando. Mas eu não vou! Eu estou com uma irmã internada com uma porcaria de tumor no cérebro, - eu começo a chorar - eu estou toda furada, estou dopada de tanto remédio que me deram, e sem chão! Eu só queria que alguém parasse e me perguntasse se eu estava precisando de ajuda. De alguém pra conversar. Alguém que não me julgasse, e que pela primeira vez me escutasse.

- Calma meu anjo. - Justin me abraça e continua: - Desculpa. Eu não sabia nem da metade disso tudo. Eu cheguei vi que você estava dormindo, sentei aqui e peguei no sono também. Eu não fiquei sabendo de nada, então me explica melhor tudo isso.

- É a Rayanne, Justin. – em meio ao choro comecei a explicar as coisas. – Ela está com um tumor no cérebro. Eu não sei como reagir a isso, muito menos como lidar com isso. E agora? Com que cara eu vou falar com ela? Eu não vou conseguir fingir que está tudo bem... pelo menos agora não. Mas, por outro lado, eu não quero contar a ela. Até por que eu não sei a reação dela. Ela é muito sensível, e dramática, eu tenho medo do que ela queira fazer quando descobrir.

- Olha, de tudo isso eu só tenho uma certeza, ela vai precisar muito de você! Você está disposta a lutar contra esse problema junto a ela?

- Sim... sempre.

Justin me abraça e eu não consigo mais controlar o choro.

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E agora, o que a Hilary tem que fazer em relação a contar ou não a Ray?

Comentem muito!!!

Amo vocês, 

Hosanna. :)